segunda-feira, 30 de maio de 2011

Resumo do texto de Cupani – A tecnologia como problema filosófico: três enfoques

Resumo do texto de Cupani – A tecnologia como problema filosófico: três enfoques

Por Djalma Gonçalves Pereira

Entendo a Filosofia como uma prática saudável de exercitar a reflexão dos fundamentos da vida. É um recurso que promove a abertura de espaços mentais nunca acionados anteriormente e ao mesmo tempo uma navalha que talha e marca nossa alma com suspeitas que não aceitam ser ignoradas, precisam ser solucionadas, e é essa busca por soluções que a Filosofia promove prioritariamente.
Ao ler Cupani e sua apresentação Filosófica dos três enfoques da tecnologia, percebo que ainda estamos longe de possuir uma verdade a respeito do uso das tecnologias e de seus processos. Existe muito a se conhecer, a se pensar, a se preparar, antes de termos as tecnologias verdadeiramente em favor de nossas vidas.
Bunge, com sua clareza, descreve a tecnologia como uma maneira de aprimoramento da existência humana, sendo a própria tecnologia objeto de superação de diferenças e injustiças, sendo ela aplicada com uma política adequada e com o uso da ética, trata-se de uma ferramenta que promove mecanismos de superação.
Fica clara a influência sofrida por Bunge das ideias do Iluminismo e do Libertismo clássico, em suas propostas que traz uma Filosofia otimista tudo faz muito sentido e fica muito convincente.
É ponto de questionamento em suas ideias a incapacidade de perceber que a tecnologia é capaz de desestruturar a cultura onde é introduzida, nesse sentido, Bunge pressupõe baseado no Iluminismo, que toda tradição equivale ao atraso e de que toda cultura não é científica e de algum modo defeituosa.
Já Borgmann, com sua abordagem fenomenológica, define a tecnologia como algo que perpassa, define e dirige a existência humana, tornando-nos cúmplices da tecnologia e assim nos tornado responsáveis pelo domínio que ela exerce sobre nós e nossas vidas.
Sua visão subestima os fatores sociais envolvidos com a tecnologia, destacando que os dominados nem sequer percebem sua capacidade de produzir mudanças, que se manifesta através de nossa atitude ambivalente frente a tecnologia, onde oscilamos entre o fascínio e a desconfiança.
Para que o homem não seja abandonado a mercê da tecnologia ou das estruturas sociais, precisa mobilizar-se e rejeitar aquilo que o prejudica, abandonando para isso sua cumplicidade com a tecnologia, mobilizando as pessoas para a força do exemplo e do cultivo de interesses chamados focais por Borgmann.
Os argumentos de Borgmann alertam para um problema, mas não consegue apontar diretamente para o mesmo, ficando um vazio teórico perceptível.
Na abordagem de Feenberg, a tecnologia é reconhecida como instrumento sociopolítico, e critica Borgmann por afirmar que a tecnologia é perfeita a seu modo.
Feenberg defende que produtos, mecanismos e soluções tecnológicas não respondem a sua eficiência inerente, mas a uma eficiência construída por interesses sociais. Esses interesses segundo o Feenberg podem ser denunciados e alterados para um modo de vida diferente e com um novo enfoque de eficiência.
Sua teoria sugere a democratização da administração, em todas as ordens da vida, e a supressão da diferença social entre o trabalho manual e intelectual.
Feenberg precebe em sua análise que a eficiência da tecnologia, não é descompromissadamente sua, mas sim uma eficiência construída por interesses sociais, pois como a tecnologia é patrocinada pela economia capitalista, caminha em um sentido de instrumentalização da vida.
O autor ainda afirma que nesse contexto o computador e a internet não são mecanismos de alienação mas de iniciativa, inteligência e comunicação.
No que diz respeito a iniciativa de Feenberg de um discurso Marxista, o autor mostra consciência de que assumir uma sociedade com as características do discurso socialista está longe de ser facilmente implementada, afirma ainda que sua implementação depende da colaboração das elites técnicas da sociedade, pois sua proposta reivindica uma democratização da administração, em todas as ordens da vida, a eliminação da diferença social  entre trabalho manual e intelectual.
A intenção da intervenção de Feenberg é a de quebrar a ilusão de necessidade de que o mundo quotidiano está recoberto.
Em comum ao discurso dos três autores temos a intenção da melhoria da vida no mundo por meio da utilização cooperativa e socialmente participativa das tecnologias.


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