domingo, 22 de maio de 2011

REFLEXÕES SOBRE A POLÍTICA DA INTERNET

Por Márcia Guimarães Oliveira de Souza

            O presente texto tem como base a leitura e análise do capítulo 5  do livro A galáxia da internet de autoria de Manuel Castells, 2001.
            Inicialmete falaremos sobre a abordagem que Castells faz  acerca da utilização que os movimentos sociais e os agentes políticos fazem da Internet e do ciberespaço que converteu-se numa espécie da praça pública eletrônica e global. Mais do que uma tecnologia, a Internet é hoje um meio de comunicação e constitui a infraestrutura material de uma forma organizativa concreta, ou seja, a rede.
            Movimentos sociais de todo o mundo, ao longo da década de 90 puderam se organizar graças à ajuda da Internet. Por outro lado, a Internet permitiu e ainda permite expressões de protesto, sejam eles individuais ou coletivos de hacker-activistas que acessam informações tanto a nível individual como também em websites restritos de agências militares, companhias financeiras, entre outros, tanto para demonstrar a insegurança dos sistemas, quanto para manifestações de protesto contra objetivos que ai são defendidos.
            Os movimentos culturais que tem como objetivo defender ou propor modos próprios de vida e de sentido, constroem-se em torno de sistemas de comunicação, ou seja, essencialmente a Internet.
            Os movimentos sociais procuram também preencher o vazio deixado pelos partidos políticos que surgiram na hera industrial e que hoje não passam de maquinaria eleitoral, como também as associações de cidadãos formais que encontram-se em franca decadência.
            Observa-se também um tipo de manifestação provocada por movimentos emocionais, provocados por uma grande crise, que tornam-se fontes de mudança social mais importantes que a rotina de ONGs responsáveis. "Conseguem um impacto publicitário nos meios de comunicação e agem sobre as instituições e as organizações (as empresas, por exemplo), graças às repercussões do seu impacto na opinião  pública."(p.171). Convergem temporariamente para um determinado protesto simbólico, provocam debates, sem, contudo, entrar em negociação, pois não há ninguém capacitado para atuar em nome de tais movimentos, para logo depois se dispersarem, se dissolverem para  se concentrarem em seus próprios assuntos.
Os processos de mudança conflituosa na era da Internet giram em tono dos esforços para transformar as categorias de nossa existência, construindo redes interativas como formas de organização e mobilização. Estas redes que surgem como resistência de  sociedades locais, propõem-se a vencer o poder das redes globais para assim reconstruir o mundo a partir de baixo.(p.173)
            É dessa forma que a Internet se estabelece como uma alavanca de transformação social.
            O grande movimento de ligação à rede Internet de comunidades em todo o mundo, ocorreu de meados dos 80 até o final dos anos 90. Foram levados à rede centenas de cidadãos que até então permaneciam no anonimato, levando experiências, interesses, preocupações a serem compartilhadas.
Portanto, assim que word wide web se difundiu à escala global, e o acesso à Internet começou a ser relativamente acessível e fácil de manejar, as redes informáticas comunitárias começaram a diferenciar-se internamente segundo a ideologia dos seus membros originais.(p.176)
            Esse movimento impulsionou o terceiro setor da economia que passou a auxiliar tanto na educação como no trabalho das pessoas necessitadas.
A EXPERIÊNCIA DE AMSTERDAN
            Castells descreve a experiência de Amsterdan, a mais famosa das redes de informáticas de didadania. Conhecida como “De Digitale Stad”  DDS, a Cidade Digital iniciou em janeiro de 1994. Experiência pioneira desenvolvida na Holanda, mais precisamente na cidade de Amsterdan, foi planejada para um funcionar num período de dez semanas, com o objetivo de estabelecer um diálogo entre os cidadãos da cidade de Amsterdan, uma experiência social de comunicação interativa. Foi reconhecida como o movimento inaugural da “cultura digital pública”, uma esfera que combinou instituições locais, organizações populares e redes de computadores no desenvolvimento da expressão cultural e da participação cívica.
            Em virtude do seu grande sucesso, foi expandida para um “comunidade em rede”. Os seus utilizadores convertiam-se em "residentes"da cidade ou " visitantes", possibilitando, assim, um acesso global. "Organizada virtualmente em vivendas, praças, cafés , quiosques digitais, centro digital de arte e cultura e mesmo uma sex-shop digital."(p.177)
            A estrutura da cidade era baseada em um site, que possuía um quadro de avisos para que os cidadãos tivessem acesso a documentos de interesse, notificações de decisões do conselho municipal consideradas relevantes, além de um espaço para que os interessados expressassem a sua opinião sobre assuntos diversos.
            O interesse das pessoas na cidade digital tomou tamanha proporção que  um ano após seu início, tinha 4000 usuários, com uma solicitação mensal de um milhão de páginas da web; em três anos, este número subiu para 50.000 e no ano 2000 já era de 140.000, tornando-se a maior rede de computadores baseada numa comunidade na Europa.
A importância dessa experiência se deve tanto pela análise das origens das redes de cidadania, quanto pelo seu desenvolvimento posterior.
INTERNET: INSTRUMENTO POLÍTICO DEMOCRÁTICO?
            Não podemos afirmar  que a Internet um dia será instrumento de fomento da democracia, mas sim, que hoje ela ainda não é.  Em um regime democrático em que teoricamente, o poder reside no povo, pensamos que as pessoas poderiam vigiar os seus governantes, e não contrário. Não estamos nos referindo a mecanismos de controle da política, mas sim, da Internet como espaço político.
            A Internet vem sendo utilizada como quadro de publicidade eletrônica, divulgando informações, sem o objetivo de interação com a população.
Para Castells, os cidadãos sentem que não faz muito sentido gastarem suas energias em discussões políticas, exceto quando se vêem afetados por um determinado acontecimento que desperta a sua indignação ou afeta seus interesses pessoais. (p.188)

            Observamos, entretanto, que a Internet não cumpre o seu papel democrático de ambos os lados da sociedade, ou seja, governo e governados, no entanto, cumpre o papel de política informacional.
            A Internet sendo usada como canal de um para muitos, sua utilização por parte de jornalistas independentes, ativistas políticos e pessoas de uma maneira geral, está crescendo a cada dia. O maior problema está na credibilidade, na veracidade das informações que circulam. De qualquer forma, o uso da informação passa a ser ferramenta privilegiada na era da Internet, ampliando a política do escândalo, podendo derrubar um político em qualquer parte do mundo, da mais alta hierarquia, do dia para a noite.
            Considerando que a guerra é a prática da política por diferentes meios,  podemos dizer que a política informacional possibilitou a guerra informacional, gerando uma nova doutrina de segurança apropriada para era da Internet.
            Atualmente, quanto mais dependente for um governo de uma rede avançada de comunicações, mais vulnerável a ataques hackers ele estará.
            Observamos que a dimensão política das nossas vidas está a ser profundamente transformada com a co-evolução paralela da Internet e da sociedade. A liberdade, sabemos que é conquistada.  A Internet permite o direito de expressão e comunicação das pessoas de todos os níveis e por isso mesmo, torna-se um dos principais e mais importantes desafios políticos.
BIBLIOGRAFIA
CASTELLS, Manuel. Galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, negócios e sociedade. Tradução de Maria Luíza X. de Borges, A. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

Um comentário:

  1. titanium i phone case - TITNIAART
    The titanium watch original design titanium rod in femur complications and function of ford fusion titanium the i case allows you to use the following standard methods: 1. On titanium grey the inside case, the two titanium bike frame of screws, called “in”, have a

    ResponderExcluir